O tenista em cadeira de rodas, Rodolfo Cano, 24 anos, representará Valinhos no Wheelchair Tennis Open, na cidade de Vitória, no Espírito Santo. O torneio, que é credenciado pela ITF (International Tennis Federation), será realizado entre os dias 22 e 25, quinta-feira e domingo. Cano conta com o apoio da Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Esportes e Lazer, e participará das disputas de dupla e simples em busca de pontos para o ranking mundial.
"Essa será minha terceira participação neste campeonato internacional, a primeira vez foi em Belo Horizonte, em dezembro de 2010, e a segunda em Florianópolis, em março de 2011", conta o atleta valinhense, que embarcará para Vitória, na manhã do dia 21, quarta-feira, acompanhado da mãe, Maria Cano, e do professor Pedro Stucchi. Ele comenta que está muito satisfeito com o apoio da Prefeitura, que está arcando com os custos da inscrição, hospedagem e alimentação, e da empresa Ancoradouro Representações e Turismo, que financiou as passagens áreas.
Para o secretário de Esportes e Lazer, profº Raí, a participação no campeonato internacional é mais uma superação na vida do jovem Cano, portador há cinco anos de paraplegia (paralisia das pernas), que é também piloto de parakart e analista de sistemas. "Ele está fazendo de Valinhos uma das primeiras cidades do Brasil a desenvolver, por meio do poder público, a inclusão de pessoas com deficiência na prática de tênis de campo", conta profº Raí. O secretário destaca que essa ação demonstra a flexibilidade da política de esportes implantada pelo administração, que busca agregar o maior número de pessoas nas práticas esportivas.
Trajetória
Um dos 30 cadeirantes brasileiros federados na prática da modalidade no país, Rodolfo Cano passou há cerca de seis meses a integrar o projeto social de tênis de campo do CLT (Centro de Lazer do Trabalhador) "Ayrton Senna da Silva", que é mantido pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Esportes e Lazer.
Morador do Jardim Novo Mundo, bairro que fica ao lado do CLT, Cano faz aula toda terça-feira de manhã, sob a orientação do professor da escolinha municipal de tênis do CLT, Pedro Stucchi, juntamente com crianças de 10 a 15 anos.
"Estou muito contente por ter a chance de praticar em um espaço público um esporte que ainda no Brasil é bastante elitizado e ainda mais para um cadeirante. Treinar ainda na companhia das crianças é uma experiência muito válida, uma verdadeira troca, pois acabo incentivando eles e vice-versa. Além disso, estou do lado da minha casa com toda infraestrutura necessária para treinar e com acesso facilitado. Entro pelo portão lateral do CLT e paro em frente à quadra", explica.
Cano conta que intercala os treinos de Valinhos com os do Projeto "Tênis sobre Rodas", do Instituto Brilho Brasileiro (da ex-tenista Vanessa Menga), que é desenvolvido em parceria com a Academia Tella Tennis, de Campinas. "Lá pratico também gratuitamente tênis há dois anos", acrescenta
Ainda sobre o início dos treinos no CLT, Cano relata que conheceu o professor Pedro nas finais da 6ª Copa Soul Corp/Todo Dia de Tênis, que foi realizada no último dia 1º de maio, na Academia Tella Tênis, e foi válido pela Liga Campineira de Tênis. "Neste evento fiquei com o título de campeão, e o Pedro me convidou para integrar o projeto social de tênis de campo do CLT", recorda.
O atleta destaca que além de participar do Wheelchair Tennis Open, em Vitória, que reúne os melhores do Brasil e conta com atletas de outros países, tem pela frente outro desafio. A busca de patrocínio para conseguir uma cadeira adaptada para poder ter um melhor desempenho na quadra. Atualmente ele utiliza sua própria cadeira e improvisa um esquema de segurança com elásticos. "Com a cadeira certa poderia fazer mais bonito em quadra e representar melhor minha cidade", afirma.
Os interessados em fazer parte da inclusão de pessoas com deficiência na prática de tênis de campo no CLT e também os possíveis patrocinadores de Cano podem entrar em contato na Secretaria de Esportes e Lazer, que fica ao lado do Ginásio Municipal "Vereador Pedro Ezequiel da Silva". Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3829-5030.
O tênis em Valinhos
A modalidade tênis na rede municipal foi iniciada em Valinhos, em 2006, após a inauguração, no final de 2005, da primeira quadra pública de tênis pela administração municipal, em parceria com a iniciativa privada, no CLT. No local, o projeto social de tênis é desenvolvido com o objetivo de tornar o esporte mais acessível às pessoas que não têm condições de pagar uma academia. Atualmente cerca de 100 alunos, entre 5 e 60 anos de idade, frequentam aulas gratuitas realizadas de segunda a sexta.
O tênis sobre rodas
O tênis em cadeira de rodas foi criado em 1976, nos Estados Unidos, por Jeff Minnenbraker e Brad Parks. Eles construíram as primeiras cadeiras adaptadas para o jogo e difundiram em seu país. Em 1977 teve o primeiro torneio pioneiro, em Griffith Park, na Califórnia. O primeiro campeonato nacional nos EUA aconteceu em 1980. Oito anos depois foi fundada a Federação Internacional de Tênis em Cadeira de Rodas (IWTF).
Em 1988, a modalidade foi exibida nos Jogos Paraolímpicos de Seul. Em 1991, a entidade foi incorporada à Federação Internacional de Tênis (ITF), que hoje é a responsável pela administração, regras e desenvolvimento do esporte em nível global. Barcelona (1992) foi o marco para o tênis em cadeira de rodas, pois passou a valer medalhas. Desde então homens e mulheres disputam medalhas nas quadras em duplas ou individual.
O primeiro tenista brasileiro em cadeira de rodas foi José Carlos Morais, em 1985. José Carlos conheceu o esporte quando foi à Inglaterra competir pela seleção nacional de Basquete em Cadeira de Rodas. O Brasil estreou nos Jogos Paraolímpicos, em Atlanta (1996), com Morais novamente como pioneiro e Francisco Reis Junior. Na Paraolimpíadas de Atenas (2004), Mauricio Pommê e Carlos Santos, o Jordan, representaram o país.
O único requisito para que uma pessoa possa competir em cadeira de rodas é ter sido medicamente diagnosticada uma deficiência relacionada com a locomoção, em outras palavras, deve ter total ou substancial perda funcional de uma ou mais partes extremas do corpo. Se como resultado dessa limitação funcional a pessoa for incapaz de participar de competições de tênis convencionais (para pessoas sem deficiência física), deslocando-se na quadra com velocidade adequada, estará credenciada para participar dos torneios de tênis para cadeirantes.