Três das cinco escolas de samba inscritas para participar do carnaval 2014 na cidade de Valinhos rejeitaram apoio financeiro oferecido pela Prefeitura, no valor de R$ 400 mil (R$ 80 mil para cada agremiação), por considerá-lo insuficiente. A decisão foi anunciada na noite de segunda-feira, durante entrevista coletiva no Paço Municipal, convocada pelo secretário de Cultura Wilson Ventura.
As negociações foram realizadas ao longo do mês de setembro. A Prefeitura ofereceu, inicialmente, uma ajuda de R$ 70 mil a cada escola de samba. A maioria insistiu em uma subvenção de R$ 90 mil. "Diante da grave situação financeira da Prefeitura, conseguimos chegar ao limite de R$ 80 mil, mas apenas as escolas Arco Íris e Moinho Velho aceitaram a proposta. As escolas Leão da Vila, Unidos da Madrugada e Mocidade Independente foram contrárias", explicou Ventura.
"Diante do compromisso de respeitar a decisão da maioria, o carnaval de 2014, portanto, não terá a presença de escolas de samba em Valinhos", anunciou, oficialmente, o secretário de Cultura, que considerou a postura dos carnavalescos "madura e responsável". Para Ventura, "os dirigentes das escolas de samba não quiseram comprometer a qualidade que sempre marcou o desfile de Valinhos, o que é absolutamente compreensível por parte do governo municipal".
Esta é a segunda vez que as escolas valinhenses decidem não participar do carnaval. Em janeiro, no início do atual governo, os carnavalescos chegaram à conclusão de que não haveria tempo suficiente para a preparação do desfile. Com aquela decisão, a festa de 2013 foi cancelada. Agora, os problemas estão ligados exclusivamente à questão econômica.
Depoimentos
Confira como os representantes das escolas de samba presentes à coletiva se manifestaram:
Marcelo Severo (Unidos da Madrugada):
"Nós realmente declinamos do carnaval de rua de 2014, porque temos um consenso: temos que cuidar das nossas finanças. E a atual situação apresentada pela administração pública para nós não seria viável. Eu teria problemas financeiros que a princípio não posso ter. Então, em razão disso, nós preferimos tocar para frente, para 2015, e. logo no início de 2014, fazermos reuniões para a organização [do desfile de 2015] com o secretário [Wilson Ventura]. Essa é a nossa posição para o Carnaval de 2014".
Paulo Monteiro (Leão da Vila):
"Seguindo a mesma linha de raciocínio da Unidos, o Leão da Vila também preferiu declinar em função da necessidade de conter, além das contas, insalubridade financeira da escola. Realmente as condições financeiras da Prefeitura não estão boas. A gente entende o lado da Prefeitura. Além de representante de escola, eu sou um munícipe. Os impostos são a gente mesmo que paga. Tanto a prefeitura como as escolas de samba devem à população a obrigação financeira de mostrar a transparência e também de manter um carnaval de alto nível, dentro dos anseios da comunidade... De qualquer forma queremos reiterar o trabalho que a gente já vai iniciar e, com a promessa do secretário em nos reunir com mais antecedência para o ano que vem, a gente vai se preparar pra gente poder tocar o carnaval e não depender somente da verba do município. Essa é a nossa ideia para tentar no ano que vem reverter esse quadro. Não vamos medir esforços".
Adriano Tonon (Arco Íris):
"É exatamente isso: não dá pra gente comprometer a qualidade do desfile. Não dá pra gente arcar com prejuízo financeiro no final, pois somos uma empresa e não temos condições para isso. Desde já avisamos que estamos juntos no projeto para o Carnaval de 2015. Vamos conversar na diretoria para saber se a gente vai tentar em 2014 fazer alguma coisa paralela, uma coisa simples, não temos quadra. Quero agradecer o apoio de todas as escolas. A conversa foi boa e estamos juntos para 2015".
Versa Sus (Mocidade Independente):
"Com relação às nossas reuniões, eu quero dar os parabéns ao secretário [Wilson Ventura]: sabe falar, soube comandar. Saí feliz pela união de todos nós. Então, para preservar toda essa história de Valinhos no carnaval da região e para preservar a imagem da nossa escola também, a gente determinou por isso, pois, fazendo as contas, não tínhamos como colocar o carnaval na rua condições com esse valor que a gente já não conseguia dois anos atrás. Peço desculpas. Gostaria muito de colocar a nossa escola mais uma vez na avenida, mas, infelizmente, e por preservar tudo, e todos nós fizemos isso com dor no coração".
Cleverson Benini (Moinho Velho):
"O Moinho aceitou a proposta da Prefeitura para que não houvesse esse tempo parado no carnaval. Mas também ficamos aliados a outras escolas para o carnaval de 2015".