
A procura por atendimento da Prefeitura a moradores de rua em Valinhos despencou em junho, pouco mais de dois meses depois do início da campanha "Não Dê Esmola, Dê Cidadania". Estudo do SEAS (Serviço Especializado de Abordagem Social), órgão mantido pela Prefeitura de Valinhos, aponta uma redução de 75% do total de pessoas atendidas no mês de junho, em comparação com o mesmo tipo de atendimento em abril. Foram ao todo 354 pessoas com passagens pelo Seas em abril, contra 83 em junho.
A campanha foi iniciada em 16 de abril e mobilizou a sociedade no Município, incluindo as igrejas, entidades representativas do comércio e de categorias profissionais, além das forças de segurança que atuam na cidade (polícias Civil e Militar e a Guarda Civil Municipal)..
A mudança de cenário também ficou evidente na região central da cidade, onde a percepção é de que o número de moradores de rua circulando ou pedindo doações nas calçadas e em semáforos diminuiu bastante. "A população aderiu à campanha e, com uma menor oferta de doações nas ruas, parte dos moradores de rua acabou deixando a região central", disse a secretária de Assistência Social de Valinhos, Dulce Maria de Paula Souza.
Os números da Secretaria de Assistência Social foram apresentados na manhã desta sexta-feira (28), na Prefeitura, durante reunião do Comitê Municipal e Intersetorial de Monitoramento da Política para Inclusão de Pessoas em Situação de Rua.
“A união de esforços para a contenção da realidade de pessoas em situação de rua demonstra a eficácia no alcance de resultados de um fenômeno que é de responsabilidade da sociedade como um todo”, destacou a secretária.
A Campanha “Não Dê Esmola, Dê Cidadania”, além da Prefeitura Municipal envolveu vários segmentos da sociedade. Entre eles, ACIV (Associação do Comércio e Indústria de Valinhos), AEVAL (Associação dos Empresários de Valinhos), Grupo Força Valinhos, Associação de Engenheiros, Arquitetos e Agronômos de Valinhos, Paróquia São Sebastião, OMEV (Ordem dos Ministros Evangélicos de Valinhos), CONSEG (Conselho de Segurança), União do Comércio e Serviços de Valinhos, Polícia Civil, Polícia Militar.
Outro ponto positivo apontado pelo o Estudo é que na Casa de Passagem e Acolhimento do Joapiranga, desde do dia 11 de abril, dos 26 acolhimentos, três deles, que representa 14% do total, tiveram o chamado desligamento construído. Trata-se de um desligamento gradativo e estabelecido juntamente com o usuário. “É um verdadeiro processo de construção de autonomia que será alcançado quanto o indivíduo realizar de maneira efetiva as atividades que visam a ressignificação dos vínculos construídos e suas novas possibilidades de vida”, explica a secretária de Assistência Social.
Segundo Fernando Rodrigues, presidente interino do Comitê e representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) a Campanha “Não Dê Esmola, Dê Cidadania” realmente tem mostrado resultados positivos. “Essa campanha tem que ser mantida para que a redução prossiga. Para isso vamos estudar e discussões ações de apoio pelo próprio Comitê, salientou o advogado.
O presidente do Conseg (Conselho de Segurança), José Luís Violante, disse que a redução do número de pessoas em situação de rua é reflexo de um trabalho conjunto do SEAS, Casa de Abrigo e Passagem e da campanha, que possibilitou, principalmente, a conscientização da sociedade que não está mais dando esmolas. “Em todas as reuniões do Conseg reforçamos a importância da campanha e seu objetivo”, ressaltou.
