"Ser professor é diferente de qualquer profissão. Dizem que é sacerdócio, responsabilidade social. Na verdade, salário nenhum paga o trabalho de um professor. Dinheiro nenhum paga no que transformei os meus alunos. Dinheiro nenhum paga, torná-los menos ignorantes, menos pífios no pensar".
Com essas palavras de incentivo e valorização dos professores, o filósofo Clóvis de Barros Filho, professor livre-docente de 'Ética e Meio Ambiente', da Universidade de São Paulo (USP), concluiu a palestra 'Pensar o valor para viver bem', promovida pela Secretaria Municipal de Educação nesta quinta-feira, dia 10, no Auditório Municipal, em homenagem ao Dia do Professor.
Com duração de uma hora, a atividade contou com a participação de 480 professores e especialistas da rede municipal, o que corresponde a 75% da categoria. O prefeito Clayton Machado e o secretário da Educação, Danilo Sorroce, estiveram presentes, para assistir a palestra e cumprimentar os professores pela data especial. "Vocês são o orgulho de nossa cidade", disse o prefeito, ressaltando que o primeiro professor está na memória de cada um de nós. "Quem não se lembra daquele professor que fez parte importante no início de nossa caminhada?", indagou Clayton.
O secretário Danilo Sorroce afirmou que a realização da palestra foi a forma encontrada pela Administração Municipal para celebrar o Dia do Professor. "Todo dia é Dia do professor. Esse é apenas um momento de entretenimento e reflexão. Uma homenagem singela e de gratidão a todos vocês", disse.
A palestra - De forma peculiar e descontraída, unindo teoria a práticas do cotidiano, Clóvis de Barros Filho prendeu a atenção dos professores e arrancou muitas gargalhadas durante a explanação. O professor iniciou a palestra destacando as formas de amar propagadas pelos filósofos Platão e Aristóteles e por Jesus Cristo.
Segundo o professor, na teoria de amor defendida por Platão - 'Eros' - nós só amamos o que desejamos. "Quando conseguimos, não amamos mais. Por isso, se fossemos seguir essa teoria, viveríamos sem ter vivido, apenas desejando o que não tínhamos".
Na visão de Aristóteles, de acordo com o professor, o amor não é só desejo pelo que falta. "O amor de Aristóteles é 'Philia' (amor pela sabedoria). É alegria e não desejo. É realidade e não imaginação. E alegria é a energia que anima, que dá potência de agir, mas pode oscilar, pois a vida é inédita e inesperada a cada dia", complementou o professor.
A essa concepção, Clóvis somou o que pregou Jesus Cristo: o amor 'Ágape'. "Nem é 'Eros', nem 'Philia'. Não é só isso. Amor de Cristo é amor ao próximo, o amor incondicional", ressaltou o professor, complementando que, na concepção do filho de Deus, o que importa não é o amante e sim o amado. A alegria do amado é o que importa. Ao amante cabe o esforço para que o outro viva melhor", salientou o professor.
"Vocês podem dizer que esse amor não existe, mas isso não é verdade. Aonde há sofrimento, há gente querendo diminuir o sofrimento de quem sofre", acrescentou Clóvis, dando exemplos desse amor. "Na boate Kiss, em Santa Maria, foram muitos os que conseguiram sair da casa em chamas, mas voltaram para resgatar conhecidos ou não que ficaram lá dentro, e alguns deles nem voltaram mais. É o amor de 'Ágape'", ressaltou.
Finalizando a palestra, o professor juntou as três formas de amor. "Deseje o que te faz falta. Mas empenhar-se somente não basta. É preciso ter alegria pelo que se conquista. Só isso também não basta. É preciso ter com quem comemorar as conquistas. Assim, tudo na vida passa a ser colorido", concluiu.
Depoimentos – A professora Débora Cristina de Souza, da Educação Infantil, afirmou que amou a palestra. "Nunca tinha assistido uma palestra assim", disse. A mesma opinião tem a professora Aline Cristina Oliva Roberto, também da Educação Infantil. "Amei. Foi muito agradável, e nos fez refletir sobre a vida, sobre a simplicidade da vida", afirmou.