Informações da Secretaria Estadual da Fazenda mostram que Valinhos ficou em 13º entre as 19 cidades da RMC em evolução de arrecadação do ICMS entre 2004 a 2010, perdendo para cidades com população menores, como Vinhedo, a primeira colocada. Enquanto a arrecadação do imposto cresceu em Vinhedo 232,86% no período, Valinhos evoluiu menos que a metade, 106,58%. A cidade também perde para a vizinha Louveira, que obteve no período um crescimento de 268,48%. Louveira não faz parte da RMC, mas por ser muito próxima está sendo mencionada para traçar a comparação com Valinhos.
Neste ano de 2011, em apenas dois meses, janeiro e fevereiro, os resultados já apontam um distanciamento maior ainda das duas cidades sobre Valinhos, principalmente no caso de Vinhedo. Enquanto Valinhos arrecadou no período R$ 11,7 milhões, Vinhedo arrecadou R$ 20,1 milhões e Louveira superou os R$ 21,2 milhões. Ou seja, quase o dobro de arrecadação em relação a Valinhos, que tem 106.968 habitantes, e dá uma renda per capita de R$ 109,50, enquanto que Vinhedo tem 63.685 uma renda per capita de R$ 315,76 e Louveira 37.153, com uma renda per capita de R$ 572,79.
Nesses dois primeiros anos de 2011 Vinhedo já se destaca como a cidade que tem a maior renda per capita da RMC. E Louveira, se fizesse parte da RMC, teria a segunda maior renda per capita entre todas as cidades.
O prefeito Marcos José da Silva (PMDB) explica que o crescimento de Valinhos, a partir de quando ele assumiu em 2005, apesar de ter sido maior que a média da RMC (102,04% e do Estado 99,77%), poderia ser diferente. "Outras cidades da região como Vinhedo, Louveira, Indaiatuba se prepararam, e não só na atração de novas indústrias de transformação, mas principalmente na nova vocação que passou a tomar conta da região que é a logística. Valinhos só foi fazer isso em agosto de 2005, quando assumi e criei o Prodeval (Programa de Desenvolvimento Econômico de Valinhos) para atração e incentivo de crescimento de empresas. Se não fosse o Prodeval, esse crescimento seria bem menor. Como Valinhos é um município de dimensões territoriais pequenas e com uma geografia bastante acidentada, as áreas para implantação de indústrias e empresas estão acabando e o Prodeval, com isso, se esgotando", afirma.
Logística
Pensando em como resolver esse problema e impedir que o baixo crescimento da arrecadação comece a prejudicar o município, o prefeito Marcos encaminhou para a Câmara dos Vereadores em 18 de dezembro de 2009, há mais de um ano, portanto, projeto de Lei que prevê a criação do Polo de Logística. O projeto de lei propõe a criação de uma área destinada às atividades de logística, onde a Prefeitura não terá que investir absolutamente nada, a não ser oferecer os incentivos do Prodeval e todo o apoio necessário para a tramitação dos projetos. A área de 6,2 milhões de metros quadrados é de propriedade particular, fica próximo à Rodovia dos Bandeirantes e faz divisa com o município de Vinhedo e com acesso à Rodovia Miguel Melhado Campos, que liga Vinhedo ao aeroporto de Viracopos. "É uma área privilegiada para a implantação da logística. Inclusive porque terá acesso bastante fácil para o aeroporto de Viracopos e para as rodovias que circundam a nossa região. E já estão na pauta do governo do Estado algumas melhorias naquela região para facilitar ainda mais a movimentação dos produtos", disse o prefeito.
Marcos, juntamente com os prefeitos de Itupeva, Ocimar Polli (PMDB), e de Vinhedo, Milton Serafim (PTB), já solicitou no ano passado ao Governo do Estado a interligação da Rodovia Miguel Melhado Campos, que liga a estrada Vinhedo a Viracopos, à Rodovia dos Bandeirantes.
O prefeito Marcos explica que a implantação de uma alça de acesso interligando a estrada à Rodovia virá ao encontro da sua proposta de implantação do Polo Logístico. A região, segundo o prefeito, já vem se desenvolvendo no sentido da vocação logística. Além disso, as alças de acesso ligando as duas estradas facilitarão o trajeto para o aeroporto de Viracopos e para a estação do futuro trem-bala. "Estamos num momento ímpar na nossa região, com a expansão do aeroporto, que caminha para ser o maior aeroporto de cargas do país, e a logística se consolidando como uma grande vocação para toda a região. Nós, em Valinhos, não podemos ficar fora dessa nova realidade e continuar assistindo aos outros crescerem cada vez mais. Vinhedo já está bem mais adiantada em relação a nós, que estamos buscando a criação de um polo de logística agora, que fica entre a Rodovia Anhanguera e a Bandeirantes. E essa ligação vai ajudar muito no desenvolvimento desse polo, bem como nos interesses de Vinhedo e Itupeva, que já estão caminhando nesse sentido bem antes que nós", defende o prefeito.
O projeto altera o zoneamento de uma área que é praticamente improdutiva e um de seus proprietários, que detém um terço dela, relatou ao prefeito Marcos que pretende implantar um condomínio de galpões industriais que poderá gerar cerca de cinco mil empregos. O projeto de lei propõe a alteração da lei de zoneamento e parcelamento do solo da área do bairro, que hoje é essencialmente agrícola. Ele já passou por conselhos técnicos e audiências públicas na Prefeitura e na Câmara, foi analisado por mais de seis meses pela Comissão de Sistematização formada por vereadores de todos os partidos e já foram ouvidas associações de bairros. Agora está no plenário da Câmara para ser votado.
O prefeito destaca que o projeto de logística é uma ação pensando no futuro. "Caso seja aprovado, não será a minha administração a beneficiada. Os impostos pagos por essas empresas que virão armazenar seus produtos aqui só serão sentidos a partir de três anos para frente. Hoje, administramos bem a cidade, pois temos conhecimento político e conseguimos verbas nos governos federal e estadual. Sem isso, seriam pouquíssimas as ações que conseguiríamos fazer. O próximo prefeito pode ver a cidade se complicar caso a logística não seja implantada, pois a arrecadação não tende a subir pelo menos na mesma proporção das despesas com saúde, educação e pessoal. Esta é única e última alternativa e saída para Valinhos continuar prosperando e enfrentar o futuro mantendo a qualidade de vida que temos, que ainda é uma das melhores do país", salientou.