Às vésperas de completar oito meses, o rodízio implantado pela Prefeitura de Valinhos, por meio do Departamento de Águas e Esgotos (DAEV) para enfrentar a crise hídrica já permitiu uma economia de 1,95 bilhão de litros de água. Essa quantidade é suficiente para abastecer o município por 65 dias e se renova a cada dia, pois a água retirada dos mananciais internos é menor que a que brota das nascentes. Na ponta do lápis, com todas as medidas adotadas, Valinhos está economizando 10 milhões de litros de água por dia.
A crise hídrica surgiu a partir da estiagem que castiga grande parte da região Sudeste desde novembro de 2013. Valinhos foi uma das primeiras cidades a adotar o rodízio de abastecimento (lançado em 7 de fevereiro) e a Prefeitura e o DAEV são considerados modelos de gestão dos recursos hídricos pelo sucesso da medida, que alcança números na casa do bilhão em razão da compreensão e do engajamento da população.
“Antes do racionamento, o DAEV registrava dezenas de reclamações de falta de água. Mas a partir do racionamento o abastecimento se normalizou. As pessoas sabem os dias questão no rodízio e podem se programar, sem prejudicar o dia a dia. Observando o consumo racional, sem desperdícios, ninguém fica sem água”, afirma o presidente do DAEV, Luiz Mayr Neto, que faz um alerta: “Sem o rodízio, nossa Valinhos estaria vivendo o colapso no abastecimento”.
Apesar dos números altamente positivos, que garantem o abastecimento até meados de dezembro, as pessoas precisam continuar a fazer uso racional da água (veja abaixo algumas dicas que podem ajudar a reduzir o consumo).
O DAEV também está fazendo a sua parte para ajudar a reduzir a demanda por água. A substituição de 12 mil hidrômetros é uma delas. Desde janeiro já foram trocadas 8 mil unidades e o restante será substituído até dezembro de 2015. A Autarquia foi contemplada pelo Consórcio da Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), para implantar o Plano Diretor de Perdas. Uma empresa está analisando a rede e a meta é reduzir o índice dos atuais 38% para algo próximo aos 28%, registrados há 10 anos.
Para reduzir a captação de água dos mananciais internos (Barragens João Antunes dos Santos, Moinho Velho, Santana do Cuiabano e Figueiras), o DAEV buscou alternativas no município e identificou dois córregos, que possuíam condições ideais para contribuir com o abastecimento.
Depois de análises realizadas pelo Laboratório do DAEV, os Córregos Ponte Alta e Invernada mostraram-se viáveis e têm contribuído cada um com 1 milhão de litros de água por dia, que reforçam a Estação de Tratamento de Água (ETA) I, aliviando a retirada de água bruta das barragens em 5%, ou 2 milhões de litros/dia.
O Ponte Alta entrou em operação há dois meses e já contribuiu, até esta quinta-feira (25) com 60 milhões de litros de água. O Invernada, por sua vez, foi instalado em 15 de agosto e contribuiu neste período com 40 milhões de litros, aliviando a retirada de 100 milhões de litros de água bruta dos mananciais internos.
Demanda reprimida – O rodízio trouxe um alívio no abastecimento, com a redução da oferta de água dos 37 milhões para 27 milhões de litros de água por dia, mas com o fim da estiagem, o racionamento deve continuar em Valinhos, talvez de forma reduzida, porque o município está com uma demanda reprimida de 3 milhões de litros de água por dia.
Essa situação é reflexo da falta de investimentos na capacidade de tratamento ao longo dos últimos 7 a 8 anos. Neste período, a oferta de água não acompanhou o ritmo de crescimento da população e do desenvolvimento da cidade. Se a Estação de Tratamento de Água (ETA) II tivesse sido ampliada, de acordo com o projeto original, provavelmente os reflexos da estiagem mais severa dos últimos 100 anos não tivesse castigado Valinhos de forma tão rigorosa.
A ETA II opera no limite da sua capacidade, que é de 17.280.000 de litros de água por dia. A sua ampliação, que custará R$ 3,5 milhões em recursos bancados pela Prefeitura e pelo DAEV, vai permitir o tratamento de 28.600.000 de litros de água por dia. As obras devem começar em outubro e a previsão de entrada em funcionamento é de 10 a 12 meses.
Parceria – Paralelamente à ampliação da estação, o DAEV firmou parceria com empreendedores da cidade para viabilizar a construção de uma adutora de 400 milímetros de ferro fundido e 2,2 quilômetros de extensão para levar mais água desde a estação elevatória do DAEV no Parque das Colinas, nas proximidades do Cristo Redentor, até a ETA II. O custo desta obra será de R$ 1.800.000, dos quais o DAEV fornecerá a mão de obra, estimado em R$ 500.000.
O segundo módulo, que ainda não tem prazo definido para execução, prevê a construção da segunda linha de tubulação desde a captação no Rio Atibaia até a ETA II, a um custo estimado em cerca de R$ 5.000.000.
Pacote – Estas obras fazem parte do pacote de R$ 9,5 milhões em investimentos com recursos próprios anunciados em junho pelo prefeito Clayton Machado e pelo presidente do DAEV para enfrentar a estiagem, com duas captações emergenciais, três novos reservatórios de água tratada, além de regular a oferta de água, reduzir as perdas físicas e financeiras e viabilizar o desenvolvimento de Valinhos ao longo dos próximos anos.
“O novo pacote de ações é necessário para a garantia da segurança hídrica na próxima década. Trata-se um compromisso não apenas com a atual geração, mas também com a geração futura”, enfatiza Clayton.
Mais reservação – Mais três novos reservatórios, com 1 milhão de litros cada, serão construídos na Chácara Silvânia, na ETA II e no Jardim América II. A expectativa é que as obras se iniciem até o fim do ano. Com investimentos de R$ 1,650 milhão, também com recursos próprios, Valinhos vai elevar a oferta de água tratada para regiões populosas. A parceria com empreendedores também vai permitir a construção de uma nova casa de bombas na estação elevatória da Rua Campos Sales e a substituição por equipamentos mais potentes, com investimentos que chegam a R$ 580 mil.
Dicas do DAEV para consumo racional de água
Atitudes sustentáveis beneficiam a todos.
Pequenas mudanças fazem uma grande diferença. Faça sua parte!
- Escove os dentes ou faça a barba de torneira fechada e economize de 10 a 20 litros de água!
- Banhos rápidos economizam de 3 a 6 litros de água por minuto!
- Bacias convencionais com válvula desregulada gastam 30 litros!
- Ligue a máquina de lavar apenas quando estiver cheia e use-a no máximo três vezes por semana. O ciclo de lavagem de 5 quilos consome 185 litros de água!
- Manter a torneira fechada no tanque enquanto ensaboa e esfrega economiza 279 litros a cada 15 minutos!
- Reaproveite a água da máquina para lavar áreas externas (quintais, sacadas, áreas de serviço etc)!
- Varrer a calçada em vez de utilizar a mangueira rende uma economia de 279 litros de água a cada 15 minutos!