O vice-prefeito e presidente do Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos (DAEV), Luiz Mayr Neto, ocupou a tribuna da Câmara dos Vereadores na sessão desta terça-feira, dia 11, para falar sobre a realidade da Autarquia e a crise da água que afeta Valinhos e a maior parte da região Sudeste, três dias depois de a cidade anunciar racionamento e rodízio. Nas quase duas horas de explanações, Mayr traçou um panorama sobre a situação da água, onde e quanto o DAEV capta por dia, níveis dos mananciais, locais, distribuição e capacidade de tratamento e reservação.
Lembrando que a estiagem prolongada prejudica toda a região e que Valinhos adotou o sistema de rodízio para levar água de forma justa e equilibrada a todas as regiões da cidade, o presidente destacou a campanha institucional nos meios de comunicação que a Autarquia está fazendo desde novembro, quando a estiagem dava os primeiros sinais de seu prolongamento, a alta em cerca de 25% do consumo per capita, para 200 litros por pessoa por dia, e a realidade da relação entre oferta e demanda de água tratada.
"Implantamos o rodízio para permitir que todos tenham acesso à água, pois a situação anterior praticamente afetava o abastecimento a regiões mais altas e distantes dos centros de tratamento", afirmou Mayr, ao destacar que a drástica redução do nível das barragens provocada pelo consumo elevado em função do calor contribuiu para a adoção do racionamento, anunciado na quinta-feira, dia 6.
Na semana anterior, uma importante adutora, localizada na Rua Campos Sales, havia se rompido e, mesmo com o reparo feito em algumas horas, parte da cidade ficou desabastecida. No mesmo dia, no sábado (8), a Barragem João Antunes dos Santos – responsável por 25% da água consumida na cidade – reduziu sua vazão de 50 para 10 litros por segundo.
"A equipe técnica fez uma manobra para levar água às regiões mais altas e distantes dos centros de produção. São 10 bairros nessa situação. No entanto, apesar dos esforços, que inclusive mobilizou caminhões-pipa para reforçar o reservatório local com 50 mil litros, a situação não se normalizou, por se tratar do dia de maior consumo na semana", recordou Mayr.
"Diante dessa realidade, a pedido do prefeito Clayton Machado, começamos a desenhar o rodízio, com o objetivo maior de garantir água para todos, dividindo a cidade em sete áreas, de acordo com a rede, fechando registros de todos por 18 horas, duas vezes por semana, e dar um alívio às barragens dos mananciais do DAEV. Mesmo as regiões atendidas pela ETA II, que capta água do Rio Atibaia e abastecido pelo Sistema Cantareira, e os bairros que são abastecidos por poços profundos entraram no racionamento, para não haver privilégio algum", disse o presidente do DAEV.
Ações realizadas - O presidente lembrou que o atual governo de Valinhos promoveu a interligação de quatro reservatórios que estavam prontos e aguardavam apenas sua conexão com a rede para armazenar no total mais de 2 milhões de litros de água. Também citou as gestões em Brasília, ao lado do prefeito Clayton Machado, para a obtenção de recursos a fundo perdido, devido ao elevado endividamento da cidade, para construir novos reservatórios de água tratada.
"Valinhos precisa aumentar a capacidade de tratamento de água, que há anos permanece inalterada apesar do crescimento da população. Tentamos no ano passado com o governo federal obter uma verba a fundo perdido para ampliar a Estação de Tratamento de Água (ETA) II dos atuais 200 litros por segundo para 250 litros por segundo. Como não conseguimos em função da dívida pública, fizemos uma importante economia em 2013 e vamos bancar com recursos próprios as obras, que devem começar até o meio do ano e se estender por cerca de 18 meses", afirmou o presidente, dizendo que o rodízio seria uma realidade hoje mas se a ETA II tivesse pronta a situação seria menos crítica porque o DAEV teria mais condições de armazenar água tratada.
"A ampliação da ETA II tem custo estimado em R$ 4,4 milhões e as obras de parte da segunda tubulação que trará água bruta do Rio Atibaia devem ficar por R$ 3 milhões. Temos esse dinheiro e é nossa prioridade", alertou. Mayr também confirmou que a Barragem Figueiras será desassoreada este ano. "Nossos técnicos estimam que 30 mil metros cúbicos de areia e lodo devem ser extraídos do leito. Vamos fazer mais essa obra e já estamos viabilizando as licenças ambientais. O grande desafio aqui é definir a destinação correta do lodo, que não está contaminado mas necessita de um local que possa recebê-lo."
Mayr também destacou os investimentos já realizados neste primeiro ano à frente da Autarquia, especialmente no combate a perdas, como a compra de 12 mil hidrômetros, dos quais 4 mil estão sendo substituídos agora e outros 4 mil até dezembro, a importância da telemetria, que permite monitoramento em tempo real do nível de 31 reservatórios da cidade, controle de bombas de adução, inclusive na captação do Atibaia, a volta da operação caça-vazamento nas madrugadas que no passado localizava em média cinco vazamentos na rede por noite.
A situação do esgoto do bairro São Bento do Recreio, que está com as obras paradas e aguarda verba para o receptor para trazê-lo até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Capuava, a atualização das obras de instalação da rede de esgoto no Country Club também mereceram destaque na apresentação de Mayr.
Apoio popular – O presidente do DAEV reforçou os pedidos para a população usar água somente para consumo humano, na preparação de alimentos e com higiene pessoal, destacou ainda o crescente número de telefonemas que a Central de Atendimento do DAEV (0800-133839) vem recebendo com denúncias de moradores que flagram vizinhos ainda desperdiçando água e alertou que apenas com muita chuva o rodízio será suspenso.
"Somente com a conscientização e a mudança de hábitos por parte das pessoas é que haverá esperança de um futuro com água para todos. Esta é uma nova realidade para nossa cidade, para o Brasil e o mundo", disse Mayr, ao recordar que nunca havia visto situação parecida nos seus mais de 30 anos de atuação no setor.