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Embelezando o saguão superior do Paço Municipal desde o dia 26 de junho de 1996, o Painel Comemorativo do Centenário de Valinhos, completa neste mês, 26 anos. A obra foi produzida pelo saudoso Marcos Guimarães, um dos principais nomes da arte na história da cidade, falecido em janeiro deste ano.
 
“Esta obra embeleza o dia de grande parte dos servidores do Paço Municipal, inclusive o meu. É uma belíssima produção, elaborada há 20 anos e que se mantém atual ainda nos dias de hoje”, destacou a prefeita Capitã Lucimara.
 
A obra, um grande painel de 8 metros de comprimento, foi encomendada pelo então prefeito Dr. Moysés Abujadi, para marcar esta data importante para o município, a comemoração dos 100 anos da cidade. Na pintura, Marcos ilustrou duas crianças/anjos, a da esquerda, inspirada em seu sobrinho, com as frutas que representam a cidade, o figo e a goiaba, e a da direita, inspirada em uma de suas filhas, com um computador, que representa o futuro.
 
Segundo a esposa de Marcos, Gisele Guimarães, o painel foi pintado em tinta óleo sobre uma tela de linho, elaborado com uma técnica utilizada na época do Renascimento, aprendida na Itália, para durar 500 anos. “O Marcos sempre amou as paisagens de Valinhos, eu me lembro dele esticando o linho com todo cuidado para iniciar esta pintura de grande durabilidade. Para ele foi uma alegria e um grande desafio poder colocar todo seu conhecimento neste trabalho”, afirmou Gisele, emocionada ao contemplar a obra.
 
Em abril de 2022, foi lançado um livro contando sua história e seus feitos, denominado Marcos Guimarães, a imensidão dos seus sonhos, que tem a curadoria de Genivaldo Amorim, sob coordenação de Tomas Cajueiro.
O artista é também criador do famoso monumento em homenagem a Adoniran Barbosa, uma das marcas da cidade, situado no CACC (Centro de Artes, Cultura e Comércio).
 
Marcos Guimarães
 
Nascido em Campinas em 1959, viveu toda sua infância em Valinhos, em contato com a terra e a natureza, onde tradicionalmente a família ainda hoje exerce atividades relacionadas à fruticultura. Apesar de iniciar na pintura a óleo aos 15 anos, e seguro de que este seria seu verdadeiro rumo, aos 18 anos ingressa na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde se forma em economia.
 
Apesar da aparente disparidade entre as duas áreas, a formação em Economia lhe proporcionou um amadurecimento social, filosófico e humanístico, que por sua vez, ajudou a alicerçar a natureza da sua produção artística.
 
Em 1981 recebeu o Prêmio Pirelli Jovem Pintor, com obra exposta no MASP (Museu de Arte de São Paulo), sendo esse um período em que participa intensamente de concursos e salões, conquistando várias premiações.
 
Ansioso por um maior conhecimento técnico, e insatisfeito com a questão do suporte na pintura a óleo, parte para Firenze, Itália onde, além de cursar a escola de desenho e pintura do Palácio Spinelli, faz curso com Prof. Leonardo Passeri, restaurador oficial do Estado Italiano sobre preparação de telas e suportes, principalmente da época renascentista.
 
Após um período de intenso aprendizado, reingressa ao circuito artístico com a exposição ‘5 Jovens Artistas’ no Museu de Arte Contemporânea de Campinas - MAC e participa do Intercâmbio Brasil – Valinhos – Cuba.
 
Após a criação do grande painel comemorativo do centenário da cidade, em 1996, viaja ao México em 1997, onde participa do Simpósio Internacional de Escultura em Aço Inoxidável. Em seguida viaja ao Canadá, onde participa de uma exposição na cidade Gramby e cria uma escultura em Montreal. Nos anos seguintes realiza diversos monumentos em cidades brasileiras, tais como Tapiraí-SP, Salto-SP e Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
 
Em 2011 organiza o 1º Simpósio de Escultura Monumental, em Valinhos. No mesmo ano participa do Simpósio Internacional de Escultura Monumental em Aço Inox, em Tultepec, no México e um em Toluca, no mesmo país. Sua última escultura monumental foi realizada no Pico Malwee, em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, em setembro de 2021.
 
Marcos Guimarães faleceu aos 62 anos na madrugada do segundo dia de 2022 por problemas de saúde, deixando um imenso legado humano e artístico e uma legião de admiradores da sua obra, que consegue ser monumental mesmo na forma de um simples rascunho e um pedaço de papel.