Na expectativa de receber nova outorga de água do Sistema Cantareira, que será feita em 2014 pela Agência Nacional de Águas (ANA), prefeitos e gestores do setor de águas e esgotos das cidades integrantes da Região Metropolitana de Campinas (RMC) já iniciam mobilização para conseguir melhorias para o fornecimento.
O primeiro passo foi dado nesta terça-feira, dia 25, por entidades ligadas ao meio ambiente, ao lançarem durante o Fórum Campinas+21 — 2º Encontro de Líderes e Gestores Públicos o movimento 'Águas de Cantareira', que tem como objetivo estudar a demanda de água para a RMC para os próximos anos. "No ano que vem o governo federal vai fazer uma nova outorga e a nossa região precisa se movimentar para que a decisão nos beneficie também", afirmou o presidente do Instituto Sustentar, Luiz Fernando Faria.
Faria disse que a Grande São Paulo e a RMC são as maiores consumidoras da água do Sistema Cantareira e é preciso trabalhar para que a região também seja contemplada na nova outorga. Segundo ele, em até oito anos haverá escassez de água. "Isso não quer dizer que faltará água na torneira das casas, mas comprometerá o desenvolvimento e o crescimento da região. Sem água não há desenvolvimento", afirmou. A outorga, que tem validade por 10 anos, explica Faria, é uma decisão política. "Por isso temos que mobilizar prefeitos e deputados da região."
Para Antônio Carbonari Netto, um dos idealizadores do evento, a maior preocupação da RMC é com a água. "Como uma grande metrópole, a maior preocupação é a questão da escassez da água e a destinação final do lixo", comenta. Segundo ele, é de suma importância que os prefeitos se mobilizem para discutir uma forma de garantir à região uma melhor distribuição dos recursos hídricos. "Os prefeitos da região estão atentos e mobilizados para essa questão."
Em Valinhos, a situação não é diferente, pois o problema de escassez é mundial, mas o município não precisaria solicitar mais água na renovação da outorga se nos últimos anos o Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos (DAEV) tivesse mantido ou reduzido o índice de perdas ao lembrar que município registrava no início da década 28% de perdas e atualmente chega a 38%.
Se essa água não fosse desperdiçada, Valinhos continuaria a ser referência no setor como uma das cidades com menor índice de perdas. Nós estamos trabalhando para recuperar a marca.
O QUE SÃO PERDAS – Há dois tipos de perdas: físicas e aparentes. Físicas são decorrentes de vazamentos na rede de distribuição e extravasamentos em reservatórios e o seu impacto é direto na disponibilidade de recursos hídricos superficiais e custos de produção de água tratada. Perdas aparentes são as não-físicas, ou seja, as decorrentes de submedição nos hidrômetros, fraudes e falhas do cadastro comercial. Neste caso, a água é consumida, mas não faturada.
Para enfrentar o problema, o DAEV substituirá cerca de 15 mil hidrômetros nos próximos quatro anos, vai instalar válvulas redutoras de pressão e resgatar a operação caça-vazamento, que estava desativada. Nessa operação, os técnicos varrem a rede de água durante as madrugadas e identificam vazamentos. No passado, a média era de cinco por noite.
Enquanto essas medidas não surtem efeito, por serem de médio e longo prazos, o DAEV faz uma campanha educativa para orientar a população sobre a necessidade urgente de uso racional da água e economizar o líquido essencial para a vida.