Valinhos mais uma vez é pioneira na fruticultura da região. Capital do Figo Roxo, líder nacional na produção de goiaba de mesa e um dos primeiros municípios do País a investir na exportação de frutas, o Município está inovando na produção de um novo cultivo. As goiabas vermelha e branca têm uma nova companhia. A goiaba roxa começa a ganhar espaço nos pomares da cidade pelas mãos de uma família agricultora.
Originária do continente americano, a goiaba é nativa da região do México.
Em Valinhos, o fruto foi introduzido pela colônia japonesa, que neste ano comemora 65 anos de chegada a Valinhos. A família Kusakariba se dedica ao cultivo das espécies vermelha e branca. O sítio possui 1,1 mil pés da goiaba vermelha e 300 da branca.
Há seis anos, Teruo Kusakariba, proprietário do sítio, comprou mudas prontas da goiaba roxa em um viveiro particular de Limeira e decidiu apostar na nova planta.
"Na época, adquiri cerca de trinta mudas e hoje já tenho cinquenta pés. Plantei mais para curiosidade e para mostrar para os turistas que visitam o sítio e muitas vezes nunca ouviram falar dessa goiaba. Sempre recebo elogios do pessoal que vem aqui”, comentou o agricultor. Segundo ele, o pomar de goiaba roxa ainda é experimental e os frutos não são comercializados. O produtor ainda está testando o desempenho da variedade para que possa produzir em maior escala.
Kusakariba destaca que o sabor mais adocicado é dos atrativos da fruta. “A goiaba roxa é crocante na polpa e o miolo é cremoso com pouca semente”, contou. A primeira colheita foi feita um ano e meio após do plantio. “Depois de grande, demora cerca de sete meses para colhermos os próximos frutos”, disse. Segundo o produtor, a poda é intercalada para que a colheita possa ser feita o ano todo.
Mesmo que não seja comercializada, a goiaba roxa reforça a vocação dos produtores de Valinhos de introduzir novas variedades de cultivo e de colocar o Município na vanguarda da fruticultura da região. "Foi assim com outras espécies, que entratam devagar e hoje fazem parte da produção de Valinhos. Diversificar e oferecer novas opções ao consumidor contribui para valorizar nossa agricultura", disse diretora do Departamento de Agricultura da Secretaria de Desenvolvimento Econômico,Luciana Passos. "Valinhos reforça no campo sua capacidade de inovação", afirmou.
Por ser pouco conhecida, a goiaba roxa desperta a atenção de turistas e mesmo de fruticultores da região. O roxo intenso do miolo e das folhas e o sabor mais doce são diferenciais em relação à goiaba comum.
“A cor roxa se dá através dos pigmentos denominados antocianinas e carotenoides. A própria branca possui, mas em menor quantidade”, explicou o engenheiro agrônomo da Divisão de Extensão Rural (Dextru), da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), José Augusto Maiorano.
Segundo o agrônomo, a goiaba roxa tem propriedades antioxidantes e contribui para a prevenção doenvelhecimento, doenças cardiovasculares e pulmonares. "É uma uma ótima fruta para o consumo diário", disse. Ele explicou que essa vocação acompanha a produção de Valinhos, das chamadas goiabas de mesa, para serem comidas ao natural. O País produz ainda goiaba vermelha para a produção de doces.
O cultivo da goiaba roxa é mais eficaz em locais quentes, com solos férteis e bem drenados. A produção não tolera frio muito intenso.
“Por isso é um atrativo, por ser mais exótico e bem atípico para se encontrar”, contou Maiorano. De acordo com ele, como a produção ainda é baixa e está crescendo na região, é necessário bastante investimento. “A planta costuma dar frutos pequenos, não tanto comerciais. É preciso investir para melhorar a variedade. Mas o valor paisagístico é incomparável”, disse.
Plantio
Existem duas formas para produzir as mudas. No processo de clonagem, é feito o enxerto na muda. “É preciso utilizar os galhos e enraizar com hormônio para produzir o mesmo fruto da planta mãe. Sendo assim, todas terão a tonalidade roxa. É possível produzir quantas mudas quiser. O tamanho da goiaba depende se a planta matriz produz frutos grandes ou não. Se a planta mãe dá frutos pequenos, por exemplo, essa nova muda também produzirá frutos menores”, explicou o agrônomo.
O plantio também pode ser feito através de sementes. Maiorano disse que, dessa forma, não é possível haver exatidão se a goiaba será a roxa. É grande a grande possibilidade de o fruto surgir com tons vermelho e branco, que são as mais comuns. Na produção com sementes, a planta demora de cinco a oito anos para produzir e atingir o processo de maturidade.
“Como ainda está na fase inicial da produção, é necessário testar, desenvolver e ver como reage. Não existe orientação específica para a plantação da goiaba roxa. É uma fruta nativa da América do Sul, que floresce em setembro para colher em janeiro ou fevereiro e, através das podas, é possível deixá-la numa altura que favoreça a colheita”, disse o agrônomo.
Festa
A 70ª Festa do Figo e 25ª Expogoiaba acontece de 19 de janeiro a 3 de fevereiro, no Parque Municipal de Feiras e Exposições Monsenhor Bruno Nardini, de quarta a sexta-feira das 18h às 22h30, sábados e domingos a partir das 9h. A abertura será dia 19, às 10h, no Palco 1. A entrada é franca.