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A prefeita Capitã Lucimara Godoy abriu, nesta quinta-feira, 31, no auditório do Senai, em Valinhos, o 1º Fórum Municipal da Igualdade Feminina, com a palestra Ser Mulher no Cenário Atual, evento promovido pela Coordenadoria Especial de Políticas para Mulheres (CEPM), vinculada à secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Valinhos, encerrando a campanha do Agosto Lilás, de conscientização pelo fim da violência contra a mulher. Com uma apresentação sustentada em fatos históricos e, ao mesmo tempo, ressaltando a trajetória da mulher, refletindo, de um lado, o preconceito enraizado no estereótipo de papel secundário, sexista e de cunho sexual, e, do outro, a importância da equidade no processo de luta em defesa da Mulher, a prefeita trouxe estatísticas que demonstram a importância deste processo contínuo de mudança de cenário. Também palestraram a vereador Simone Bellini e a coordenadora de Políticas para Mulheres da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, Edna Sandra Martins.

A prefeita iniciou a palestra com um paralelo sobre sua carreira na Polícia Militar (PM), quando ainda havia distinção entre homens e mulheres na ocupação de cargos, apesar da mesma formação. “Às vezes, a gente não percebe que há diferença no trato. Quando se pensa, percebe que houve muitas conquistas”, ressaltou a prefeita.

Ao apresentar várias propagandas, inclusive algumas recentes, a prefeita concluiu que há um reforço na submissão e preconceito contra a mulher, que aparece sempre diminuída em seus papéis sociais. “Há uma diferença entre igualdade e equidade. A igualdade é a ausência de diferença, enquanto a equidade é o tratamento com os mesmos direitos. Queremos a equidade, com igualdade de direitos e com respeito às diferenças”, defendeu a prefeita.

Ao apresentar dados estatísticos do IBGE de 2021, a prefeita reforçou a necessidade da luta. “Somos mais de 50% no mundo”, iniciou. No entanto, 24% das mulheres ganham menos que homens na mesma função, enquanto o desemprego é maior para a mulher, com 13% contra 10% dos homens. “A mulher preta chega a 16%. A maternidade é um dos principais motivos de discriminação no mercado de trabalho”, apontou a prefeita. 

A prefeita apresentou ainda dados sobre a violência, segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas). Das brasileiras, 22% sofreram agressão verbal, 10% algum tipo de violência física. “Agressão sexual chegou a 8%, enquanto 4% algum tipo de tentativa de estrangulamento ou espancamento. E 1% levou tiros”, apresentou. Segundo ela, estes dados ainda não são realmente compatíveis com a realidade. “A mulher tolera muito antes de denunciar”, revelou a prefeita, que tem avançado e muito em políticas públicas em defesa da mulher na cidade de Valinhos. Emocionada, encerrou a palestra afirmando que as mulheres podem ser o que quiserem, inclusive prefeita.

Outro depoimento emocionante foi da vereadora Simone Bellini, que palestrou sobre Vivência Dentro da Violência e Superação, que expôs o problema enfrentada em sua vida pessoal, num casamento de 23 anos. “As pessoas dizem: é mulher de bandido, gosta de apanhar. Isto não é verdade”, afirmou a vereadora. Conforme ela, muitas mulheres não percebem o problema, que tem três fases. “Primeiro, são os xingamentos, as ofensas. Depois vem as agressões físicas e psicológicas e, finalmente, o agressor põe fim à vida daquela mulher”, relatou emocionada.
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Para ela, além das agressões, a mulher sofre porque tem medo de expor a família e a si própria. “Muitas ainda se sentem culpadas, acreditando que aquilo tudo acontece por sua culpa. A gente procura a falha na gente mesma, ao invés de ver que o problema é do outro”, garantiu. Outras preocupações são a questão financeira, a sobrevivência e segurança dos filhos e o abrigamento. “Podemos ser o que queremos”, acrescentou.

O evento foi encerrado com a coordenadora de Políticas para Mulheres da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, Edna Sandra Martins, com o tema Igualdade Feminina. A palestrante elogiou muito a atual gestão da prefeita Capitã Lucimara pela implantação de políticas públicas, por meio do Projeto Patrulha Maria da Penha e dos Programas Acolhe, em parceria com o Instituto Avon, e o TODAS in-Rede, voltada para a violência da mulher portadora de alguma deficiência. “É maravilhoso saber que Valinhos tem percorrido um caminho para construir a igualdade”, afirmou.

Edna apresentou a diferença histórica da educação entre homens e mulheres. “Enquanto o homem é criado para o público, para ser forte, superior, a mulher é educada para o privado, para o lar, sendo apresentado como fraca e inferior. Mas há um outro lado também. Homem não pode chorar. Aprendemos esta dicotomia e que sobrevive em nossa mentalidade”, explicou. Ela ainda incentivou a ocupação dos espaços políticos. “Somos 52% do eleitorado. É importante ouvir as vozes femininas, porque não lutamos só por nós. Lutamos pelo idoso, pela criança, por todos”, sentenciou.

Ao final da apresentação, a coordenadora de Políticas para Mulheres da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo apresentou os vários projetos e programas estaduais à plateia, se colocando à disposição no atendimento de Valinhos. “Ainda não alcançamos a igualdade feminina, apesar da luta histórica. Ainda há um caminho a ser percorrido”, finalizou.

O fechamento do evento ficou por conta do secretário da Assistência Social, Argeu Alencar da Silva. “O fórum é um grande momento para Valinhos. Cada palestra mostrou a força da mulher, de conquistas, de ocupar todos os espaços. Este evento traz reflexão”, avaliou o secretário. Para ele, que tem encabeçado à adesão dos projetos e programas voltados para mulheres, a cidade está à frente. “Hoje temos vários projetos e programas em Valinhos”, comemorou o secretário.

Para a responsável pela Coordenadoria Especial de Políticas para Mulher (CEPM), Marilene dos Santos, o município está fazendo um grande trabalho, previsto nas diretrizes da Assistência Social, a qual está vinculada, e nos planos da atual gestão. “É importante falar de igualdade feminina, de prevenção, de conscientização, de superação. Porque muitas vivem isto e precisam saber que se pode superar”, enfatizou Marilene, que lembrou que o evento é mais um passo na direção da igualdade. 

Para a 1ª secretária do Conselho Municipal das Mulheres, Sílvia Barão Freire Vieira, o fórum é um momento de comemoração. “Ficamos felizes com este fórum. Estou ansiosa para ouvir as palestras”, afirmou logo no início do evento, lembrando que ainda há um caminho pela frente.

Estiveram presentes ao evento o secretário de Segurança e Cidadania, Osmir Cruz, de Mobilidade Urbana, Redcliff Sierra dos Santos, diretores, o vereador Professor Marcelo Yoshida, o coordenador pedagógico do Senai, Wagner Roberto, a coordenadora do projeto Guardiã Maria da Penha, a subinspetora Rose Santos, a presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Cláudia Regina de Melo Melchert, e representantes de entidades assistenciais.