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A Prefeitura de Valinhos, sob a coordenação da Secretaria de Cultura e Turismo, promoverá nesta quinta-feira (28) uma exposição de quadros do artista Flávio de Carvalho, a partir das 19h, com entrada gratuita ao público. O evento será na Unidade I do Centro Cultural Vicente Musselli, nº 15, Centro (ao lado da Matriz de São Sebastião) e também contará com palestra sobre o artista com o tema “De quem é a culpa”, proferida pelo professor de filosofia Tite Stopiglia que é um estudioso da obra de Flávio de Carvalho.

Outra referência sobre o artista que faleceu em 4 de junho de 1973, aos 73 anos de idade, será a apresentação de uma maquete da ‘Casa Modernista Flávio de Carvalho’ com todos os detalhas da propriedade, cujo imóvel foi projetado e habitado pelo arquiteto e está localizado na Fazenda Capuava, em Valinhos. A maquete é resultado de um trabalho que Tite Stopligia realizou em 2017 na Universidade Potiguar, em Natal (RN), quando fez palestras sobre Flávio de Carvalho para estudantes de Arquitetura e Urbanismo.

“Levei o projeto da Casa Modernista e a professora de maquete projetou dois modelos. Uma foi montada pelos alunos para uma exposição, a outra que está aqui em Valinhos, eu montei e atualmente está no Centro Cultural para apresentação ao público”, conta Tite que durante o evento, logo após a apresentação da maquete, ministrará a palestra com uma explanação geral sobre o estado atual da Casa Modernista e os fatores principais que a levaram ao estado de deterioração. “Daí o título da minha palestra - De quem é a culpa?", destaca.

Além das exposições de quadros e maquete e da palestra, o evento também será uma oportunidade para a apresentação, pelo Instituto Brasil Restauro, do projeto de restauração da Casa Modernista, tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).

Conforme a descrição do Condephaat, a casa foi projetada e construída por Flávio de Carvalho que, até a sua morte em 1973, deteve a propriedade e usufruto do imóvel. A residência, com 650 m² de área construída, e catorze cômodos, testemunha a irreverência do arquiteto na adoção de solução para os espaços.

A grande sala, de 16,50 x 7,50 m, sem divisões, centraliza a construção, ladeada por duas varandas, ambas com saída para a estrada. Na elevação principal uma grande porta central, com 8 metros de altura, marca o acesso principal, voltado para a piscina. Vista do alto o imóvel tem formato de um avião.

"Flávio de Carvalho é um dos maiores expoentes da arte e da arquitetura brasileira, um artista visionário que marcou profundamente o modernismo no país. Em Valinhos, temos a honra de preservar parte de sua história, e por isso estamos empenhados em resgatar e valorizar sua obra. Esta homenagem é um passo importante para reconhecer sua relevância cultural e reforçar o compromisso da cidade em manter viva a memória de um gênio que ultrapassou seu tempo”, diz o secretário de Cultura e Turismo, Fabrício Bizarri.

Conheça o artista

Nascido no ano de 1899 em Amparo da Barra Mansa no Rio de Janeiro, Flávio Resende de Carvalho foi pintor, desenhista, arquiteto, cenógrafo, decorador, escritor, teatrólogo, engenheiro. Em 1911, passou a estudar em Paris e, três anos depois, na Inglaterra, onde, em Newcastle, em 1918, iniciou o curso de engenharia civil no Armstrong College da Universidade de Durham, além de ingressar no curso noturno de artes da King Edward the Seventh School of Fine Arts.

Concluiu o curso de engenharia em 1922. Desenvolve atividades em várias áreas artísticas e intelectuais, frequentemente de forma inovadora e provocativa. Em 1931, realizou o polêmico evento Experiência nº 2, em que caminhou com boné na cabeça, de forma desafiadora, em sentido contrário ao de uma procissão de Corpus Christi e foi bastante hostilizado.

Em 1932, abre um ateliê, onde funda o Clube dos Artistas Modernos – CAM, com Antonio Gomide (1895-1967), Di Cavalcanti (1897-1976) e Carlos Prado (1908-1992). No ano seguinte, cria o Teatro da Experiência e encena o Bailado do Deus Morto – espetáculo de teatro-dança de sua autoria com estética inovadora, para o qual cria cenografia e figurino e que tem, em sua maioria, atores negros.

Realizou, em 1934, a sua primeira exposição individual. A mostra foi fechada pela polícia sob alegação de atentado ao pudor, e reaberta alguns dias depois, por ordem judicial. Em 1947, realizou os desenhos da Série Trágica, em que registrou a morte da própria mãe.

Após publicar, em 1956, uma série de artigos sobre moda na coluna Casa, Homem, Paisagem – em que escreveu sobretudo a respeito de arquitetura e urbanismo -, que manteve no Diário de São Paulo, apresentou-se – causando escândalo – em passeata pelo centro da cidade de São Paulo com o New Look, um traje tropical masculino por ele desenvolvido e que consistiu de saia e blusa de mangas curtas e folgadas.